25.6.09

MUSEU AFRO-BRASIl - PRESTES A FECHAR



Às vésperas da II CONFERENCIA DA PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL , que será realizada em Brasília nos dias 25/26/27/28 desse mês, nós aqui da terra dos eternos emboabas, soubemos que o Museu Afro Brasil, que vive liberto e andando às margens da sociedade, como nos dias pós-abolição e que conta parte de nossa riquíssima história, teve sua energia elétrica cortada pela Eletropaulo, COMO SE FOSSE A CHICOTADA FINAL.

Depois de muitas batalhas para se edificar, conseguiu tal fato em 2004, uma data histórica(?) (comemoração dos quatrocentos e cinqüenta anos de São Paulo). No inicio, através da Petrobras, o governo federal patrocinou sua manutenção, com exposições de alto nível para todos.
Quando acabou o patrocínio, o museu que estava na fase de implantação, ao invés de se tornar INSTITUCIONALMENTE UM MUSEU virou apenas uma associação, chamada ASSOCIAÇÃO MUSEU AFRO BRASIL. Sua subsistência se deu com recursos próprios e de receitas de exposições temporárias.

Afim de se institucionalizar desde o final de 2008, houve um processo junto ao governo do Estado para transformar o museu em O.S.
(Organização Social), porém o processo foi arquivado e o MUSEU AFRO BRASIL, hoje se encontra sem recursos, funcionários com salários atrasados, acervo fechado para visitação, funcionando em horário reduzido para diminuir as despesas e finalmente, tendo a luz cortada.
É bom lembrar que na II Conferencia da Promoção da Igualdade Racial Estadual ocorridos nas Arcadas, o então secretário da Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, lendo o compromisso do governo do estado com as políticas afirmativas entre outras coisas, disse que a manutenção do Museu Afro Brasil seria de responsabilidade do governo estadual.

Para muitos de nós não é surpresa, que em um governo que em seu alto escalão não tem um cidadão negro, que um de seus secretários diga que “políticas afirmativas só daqui a 500 anos” e que o próprio governador diga que vivemos em perfeita harmonia na sociedade brasileira, é possível afirmar que lidamos com a miopia da razão e com um inimigo do povo negro!

“Há duas formas de revolução:- Uma com as armas e o povo nas ruas, outra através dos votos...”

“Nzambi ye bakulu etu kakala yeto”
(Deus e os nossos ancestrais estão conosco!!!)

Waldir Britto (Dicá)/Maria Helena

Embaixadores do Samba de São Paulo

23.6.09

Fotos 10º Sarau da Ademar

Link de todas as edições do Sarau.


22.6.09

10 Sarau da Ademar



Assim chegamos a décima edição do Sarau da nossa saudosa Cidade Ademar, com um misto de alvoroço e felicidade que brota no terreno da solidariedade. Ali no Nakasa, num final de tarde ensolarada os versos dançaram numa valsa de amor e dor (como diria nossa Neguinha). A cultura libertária disputou espaço, lado a lado, com a cultura de dominação das massas, Sarau com a casa cheia e estádios vazios. Sem rancor, gosto de ver meu time jogar, mas ter opção é buscar o novo, optar por algo que transforme, sempre. Para os que estiveram conosco, certamente um dia para continuar lembrando por muito tempo, para os que estiveram em frente a TV, assunto para alguns dias ter o que falar.

A educação foi nosso tema, sempre atual e bastante caro a nossa periferia. Descaso proposital para manter-nos servis ao processo produtivo de mercadorias, para manter-nos fora das universidades públicas e por conseqüência das melhores oportunidades na sociedade. Precisamos de escolas que formem seres humanos críticos, capazes e solidários e não mão de obra barata. Escola que não seja contingência de crianças para aumento de estatísticas em um ambiente infértil ao conhecimento, com respeito aos educadores e educandos. Sem promoção automática com menos alunos por sala e mais salas abertas e equipadas adequadamente.

Para tanto dedicamos este décimo Sarau ao maior educador brasileiro, Paulo Freire, autor de “Pedagogia do Oprimido” entre tantos outros livros com seu método de alfabetização libertário de autonomia.

Foi expressiva também a participação de todos no Sarau que participaram da dinâmica proposta pela nossa amiga Gisele, de compor uma poesia coletiva sobre educação e que teremos a satisfação de versá-la na abertura de nosso próximo Sarau.

Ficamos extremamente felizes também coma participação especialíssima de Wesley Noog, um desses caras que trazem consigo a magia que nos contagia com esperança. Autor e compositor de alto calibre da nossa música brasileira que de verdade vai “aonde o povo está”, para além de tudo se emocionar como ele mesmo nos disse.

Aos, cada dia mais afiados poetas de nossa periferia e de tantas outras que já somam conosco nesse espaço de resistência que virou o Sarau da Cidade Ademar, nossa profunda admiração.

Dessa maneira foi inevitável terminarmos mais este Sarau com um olho no gato e o outro no peixe, em outras palavras vibrando com os poetas da periferia sem deixar de olhar para um futuro que só se faz promissor.

Pode a elite preparar o circo que anestesia a vida, espetáculos para nosso povo ficar alheio ao seu destino, que a cura não tarda e não falhará, a cura pela cultura que prepara a revolução. É tudo nosso e se não for “nóis” toma!

Cláudio Dongo

19.6.09


A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.

Paulo Freire



"Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado".

Rubem Alves

18.6.09

2º FESTIVAL CASA RAP!


Crônica Mendes- A Família

Confesso que por vezes tive alguma resistência ao "rap". Talvez por já ter gosto próprio por alguns grupos, talvez por não estar "envolvida" seriamente num todo, mas enfim...ontem estive com Paulinho a convite do Crônica Mendes no 2º Festival Casa Rap no Memorial da América Latina.
O Festival rolou com a apresentação de RAPPERS de várias unidades (Fundação Casa). O tema para composição das letras foi DIREITOS HUMANOS onde existiu uma pré seleção de 100 grupos inscritos sendo que 15 chegaram a semi final. Teve também a presença de vários grupos de RAP NACIONAL
Ontem entedi a expressão:
"A PALAVRA COMO AGENTE TRANSFORMADOR"
Puro sentimento! Sim SENTIMENTO
Será que você é capaz de entender!?
Talvez...talvez vc entenda! Mas sentir, só mesmo se for na própria pele, pois "entender" é bem diferente de "sentir" e o que aconteceu ali foi muito sentimento, puro encantamento, energia, expressão, integração, direitos humanos, experiência de vida, sentimentos mil de vários familiares de internos, dos próprios internos, de todos que estavam presentes!
Cada letra melhor que a outra. A todo instante me ocorreu, como essas pessoas conseguem fazer 1 evento de tal grandeza...
Feliz por ter a oportunidade de sentir/estar, nunca pensei que pudesse gostar tanto.
Todas as letras que ali foram mostradas me fazem acreditar na palavra como agente tranformador.
Parabéns a 1 todo. Sentimento loko doido.
1o lugar - Consciência Ativa (Fundação Casa de Sorocaba)
2o lugar - Sem Preconceito (Uirapuru)
3o lugar - Luz da Rima (grupo feminino da Unidade Parada de Taipas)
Melhor Letra: Sem Preconceito
Melhor Interpretação: Consciência Ativa

Adoro quando volto pra casa mais feliz!
Quem não foi perdeu.
PS: Eu? sou apenas 1 pobre amador.

PALAVRA PODER PARA O POVO


Lid´s




PERIAFRICANIA

12.6.09

Pobre homem orgulhoso de si!


Pobre homem orgulhoso de si,

Envaidecido por sua própria vaidade...

Pensa que são seus todos os versos que escrevi.

Pobre homem orgulhoso de si...



O que o faz pensar que longe ou perto

Ainda me enlouquece?

O que o faz pensar que em meus desejos

Sua figura prevalece?



Pobre homem orgulhoso de si,

Envaidecido por sua própria vaidade...

Inspirou-me alguns versos,

Isso é verdade.



Mas sou um mosaico de sentimentos...

Mudo como o tempo!

E meus infinitos momentos

Sempre se acabam...



Quer saber a minha verdade?

Se merecido, sou sol,

Se for preciso, tempestade...

E desequilibradamente equilíbrio minhas emoções...



Entrego-me,

Total e verdadeira...

Mas quando retiro-me,

Retiro-me por inteira!



Podre homem orgulhoso de si...

Já teve o seu momento...

E eu sou como os ponteiros do relógio:

O tempo pode me levar a passar pelo mesmo lugar,

Mas não me fazer voltar.



Camila Patrícia Milani

10.6.09












Toda família negra é um quilombo.

Toda família negra é um quilombo.
Toda família negra é um afronte ao mundo branco racista.
A família negra é o maior movimento negro que pode existir.
Toda criança negra é uma promessa e a mulher negra a base. A arvore onde junto à raiz nascem flores de belíssimas cores que possuem polem de sonhos. De grandes sonhos.
Não serei o visionário de um mundo ordinário onde ressalta a babaquice e os valores doentes ditados por vermífugos frescos e embranquiçados. O que vou é faze-lo ver é a maior riqueza da terra.
Venha irmã e irmãos africanos que estão nesse momento passeando apressados pela diáspora.
Pensem e vejam comigo.
Nos olhos negros da mulher negra, quando ela me deseja, vejo uma luz, um brilho passar. Não é raro ver uma galáxia brilhar nos olhos pretos das pretas.
Olhos de sonhos.
Quantas vez fui engolido, pela constelação de desejo existente nos olhos da mulher negra?
Toda família negra é a prova de que não fomos derrotados.
E a mulher negra prova de que Deus existe.
Quero sempre conversar com a preta e ouvir a mesma me contar do seu sonho difícil e simples.
- Diz meu qual o seu sonho?
- O que você fez hoje?
- Sua boca linda é herança africana
- Opa Meu coração se embaraçou no seu cabelo crespo
Eu sou o homem preto.
Representante de uma dinastia milenar. Lemuriana ou Atlante, kamet, Ashanti.
Etc.
Tenho um nome a zelar e fazer jus à imagem e semelhança de Deus.
Por isso rainha ou princesa Núbia não me veras abandonar nossos filhos no tempo sujeito à chuva e trovoada.
Não me verás tocar o seu corpo sem que tu queiras.
Não verás me corromper pelo exagero da bebida, da droga e do jogo.
Não farei parte da multi
Não farei parte da multidão de sonsos que se vendem por trinta moedas. Se tornando escravo mental do homem branco.
Não serei como aquele paspalho sexista o maior dos idiotas.
Toda mulher branca tem um pouco de sinhá, por isso, não farei parte da legião miserável, de porcos peidorentos, que idolatram de forma bestial a mulher branca e digerem como suínos imundos os excrementos destilado na vagina
vagina sórdida e lasciva da decadente sinhá.
Mulher negra quantas vezes gemi por você? Gemidos baixinho submisso ou alto, viril, escandaloso?
Mulher negra quantas vezes me viu de joelho te dando prazer?
Quantas vezes você me viu confuso com os meus olhos paralisados nos seus olhos enquanto uma ereção poderosa me fazia mexer devagar os quadris de tanto tesão?
Mulher negra na minha boca ainda está o seu sabor.
Mulher negra "Você é mais do que eu sei é mais que pensei é mais que esperava". É obra de Deus sem dúvida.
Flor Etíope.
É só olhar que você percebe que eu sou seu.
Mas se você mulher que cabe na definição; "mulata".
Que deita com o homem branco e tem, mesmo que lá no fundo, os homens pretos como menor.
Não me subestime
Não estou vacilando.
Tudo que eu disse não vale para você.
Não gosto de branca é verdade mais desprezo muito mais os pretos e as pretas postiços.
Vaza Engodo.
Faço parte da nobre estirpe de homens pretos
Biko, João Candido, Marcus Garvey, Zumbi, Nekruma, Malcolm X, Diope, Mandela, Rafael, Jordan, Versão, H. Newton, Cristo, Múmia Abu Jamal, Akhenaton, Chuck D, Aleijadinho, Alarun, Akins kinte, Gil Muralha Negra, Abdullah ibn Buhaina, Dizzy Gillespie, Sinhô, etc.
Eu gosto da menina mulher da pele preta dos olhos pretos e do sorriso preto. Que é preta de fato.


Por Edimilson Q. Reis (vulgo Coyote)
Acredito que tem que ser muito Homem para ficar e assumir compromisso com a mulher preta.
Tenho certeza que só Homens de verdade ficam com as pretas.
O racismo presente no mundo branco torna a familía negra um verdadeiro mini quilombo.
Vejo nas quebradas, nos palacios, nas igrejas, nos supermercados e principalmente nos Shoopings pretos e pretas correndo de forma ridícula atras de um sonho de consumo de cor branca.
Alías acredito que uma parcela grande da população afro não se ama.
No meu ponto de vista eu tenho um desprezo inicial tanto por homens negros quanto por mulheres negras que não se adimira, quando falo com pessoas que se dizem negros mas tem como companheiro o branco ou branca tenho a impressão de estar falando com um idiota hipocrita.
ass Edmilson (vulgo Coyote)

9.6.09

Livro On-line

Dica bacana para quem está estudando ou tá afim de desbravar a literatura, filosofia e o conhecimento por conta própria. São links de bibliotecas virtuais onde com um click você pode ter acesso a milhões de livros, GRATUITAMENTE, para ler na tela e/ou imprimir. Boa Leitura

Biblioteca Virtual Mundial: mais de 500 livros de diversos países do mundo. Veja

Domínio Público: o site do Governo Federal oferece mais de 1.000 livros gratuitos, entre obras de ficção, documentários e material didático. Seu sistema de busca permite pesquisas pelo nome da obra, do autor ou categoria. Confira.

Biblioteca Virtual Portuguesa: romances, contos e poesias de escritores portugueses estão disponibilizados para download para serem lidos na tela. Confira.

Cultura Brasil:
livros de Euclides da Cunha, Maquiavel e Castro Alves fazem parte do acervo reunido pelo site. Confira.

e-Book: a educação é o forte do site, que disponibiliza livros de direito, ciências sociais, medicina, psicologia e línguas estrangeiras. Confira.

Gutemberg:
livros de domínio público de diversas línguas estão hospedados no site, todo escrito em inglês. Confira.

Portal da Filosofia: obras de filósofos consagrados, como Francis Bacon, Sócrates e Aristóteles, são baixados gratuitamente. Confira.

Troca de Livros:
é indicado para os aficionados pelos livros físicos, que são trocados entre os usuários de todo o Brasil. Confira.


E se você estiver procurando por algum livro raro, dificil de achar, este sebo pode lhe ajudar, rs..

Estante Virtual: reúne 1,4 mil sebos do Brasil todo e já é chamado de “Google dos Sebos”, tamanho o alcance do seu acervo e as possibilidades de busca. Os leitores compram os livros diretamente dos livreiros, por intermédio da Estante Virtual. No portal o leitor encontra meios para pesquisar títulos, nomes de autores e ainda escolher a faixa de preço que quer pagar. Definidos o livro e o sebo, o leitor escolhe a forma de pagamento disponibilizada pelo livreiro e fecha a compra direto com ele. São 4 milhões de livros online, entre raridades, escolares, literatura atual e fora de catálogo , semi-novos e até novos e mais baratos. Confira.

Racismo e Cotas no Brasil


Muitas pessoas se assustam ao ouvirem a idéia de criação de cotas para negros nas universidades públicas Brasileiras. Este artigo busca compreender o medo e a falácia que giram em torno das cotas, bem como demonstrar minha sincera opinião sobre o sistema de cotas no Brasil, e de como o compreendo dentro de um universo muito maior de uma série de correções de nossa sociedade tão “democrática” e “anti-racista”.

Os discursos contrários à política de cotas se pautam basicamente em dois elementos que não se sustentam: o primeiro seria que ao invés do ingresso de negros através da política de cotas, o fundamental seria a melhoria substancial do ensino médio no Brasil que garantiria uma equiparação de saberes para os alunos que pretendem ingressar em uma universidade através do vestibular; e o segundo, como desdobramento do primeiro, seria que no Brasil a diferenciação entre os ingressantes em uma universidade e aqueles que não conseguem sucesso no vestibular estaria pautada na diferença econômica, ou seja, a entrada em uma universidade pública dependeria exclusivamente do poder aquisitivo do aluno e a economia despendida em sua formação escolar.
Estes dois argumentos fazem parte do discurso comum, daqueles que se pronunciam contrários ao sistema de cotas e não possuem muita coisa a acrescentar; o primeiro argumento de que “é necessário uma melhoria do ensino no Brasil” é um discurso de décadas, ou seja, aguarda-se a melhoria também a décadas ao passo em que a exclusão permanece; defendemos tal argumento e o que se apresenta como proposta para que isto se efetue? Quase nada!

Sobre o segundo argumento que trata sobre a desigualdade social, mas é claro que o pobre é que não consegue ingressar em uma universidade pública, entretanto mesmo entre os pobres, o número de negros pobres está 47% acima dos brancos, ou seja, existem mais pessoas miseráveis negras do que brancas, e entre estas, os negros são os de menor salário e poder aquisitivo; a remuneração para um mesmo cargo é diferente entre negros e brancos. A maioria (na realidade, uma minoria) dos alunos oriundos de escolas públicas que conseguem entrar em uma universidade pública no Brasil são brancos, ou seja, mesmo entre aqueles que conseguem vencer a diferença, os negros são minoria.

Você que está lendo este artigo e estuda em uma universidade pública, ou até mesmo privada no Brasil, repare a sua volta em sua universidade, e veja a gritante diferença entre o número de negros e brancos. Desigualdade Social? Também, mas muita desigualdade racial presente.

Como dito anteriormente, a questão do negro na Universidade Pública no Brasil é bem mais complexa do que a simples compreensão da desigualdade social, polarizada entre pobre e ricos, compreensão esta que por muito tempo engessou e engessa as reivindicações de uma maior igualdade da comunidade negra no Brasil. É o discurso comum presente até mesmo dentro das universidades que por vocação, teriam de se libertar destas amarras.

Recentemente, a USP tem realizado obras na intenção de facilitar o acesso a universidade de alunos portadores de deficiências físicas; entretanto, nossos departamentos não estão preparados para receberem os alunos portadores de deficiências visuais, mesmo que sendo estabelecido por lei a obrigatoriedade de tal adaptação. Seria justo interromper as obras na USP que visam facilitar o acesso de deficiente físicos visto que elas não contemplam os deficientes visuais? É justo suspender a política de cotas porque ela não da conta do todo?

Para aqueles que não sabem, as universidade públicas brasileiras possuem cotas para estrangeiros. E porque não se levantaram contrários? É que a questão dos negros para muitos deve permanecer como está; todos acreditando no mito da nossa “democracia racial” onde somos felizes, pacíficos e ordeiros, e só não se consegue a felicidade, satisfação econômica e realização de sua pessoa enquanto cidadão e ser humano, aqueles que não batalham por ela, pois as condições estão dadas “igualmente” para todos; Papai Noel e coelhinho da páscoa também existem.


Acredito plenamente que o ensino no Brasil deva ser repensado e reformado como um todo, garantindo uma melhoria na qualidade do ensino aplicado a comunidade carente que é a maioria deste país. O que não posso aceitar é que a espera da realização disto sufoque a questão da segregação racial das universidades públicas brasileiras. Assim como o negro, também estão os índios e minorias também discriminadas, que a exemplo do ocorrido com os movimentos negros, também tem o direito de reivindicar seus direitos e fazer valer sua voz.

Não acredito que a política de cotas seja um fim em si, muito pelo contrário, é ela que está estimulando todo o debate em torno do racismo no Brasil, e é a partir destas discussões que nascerão os rumos de muitas questões que hoje se colocam quase sem solução.

Carlos Ignácio Pinto
Bacharel em História / USP

8.6.09

COTAS JÁ!

Todos os anos são publicadas pesquisas que apontam para uma profunda desigualdade social e principalmente racial no Brasil. De toda população em situação de miséria 73% são negros.

Estudo recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao governo federal, identifica que a população branca está 32 anos a frente da população negra e concentra 74% da riqueza do país. Quando analisamos as universidades vemos uma baixa presença negra.

Tudo isso é resultado de um processo histórico marcado por 350 anos de escravidão. Por uma abolição que não garantiu minimamente o direito à cidadania para o povo negro e mesmo nos últimos 120 anos não houveram políticas do Estado Brasileiro que integrassem essa comunidade.

É nesse contexto que surge o debate das políticas de ações afirmativas que se apresenta como uma medida emergencial para a diminuição do abismo social entre negros e brancos. Uma dessas ações é a reserva de vagas nas universidades para afro-descendentes.

Desde 1999, está no congresso para ser votado, o Projeto de Lei 73/1999 que prevê cotas para alunos oriundos de escolas públicas e afro-descendentes nas universidades federais. O projeto ainda não foi votado pois, existe uma forte resistência da elite branca brasileira em democratizar os espaços de produção de conhecimento.

O grande argumento dos contrários às cotas é que todos devem passar pelo vestibular pelo mérito, pois todos têm o mesmo direito e que adoção de reserva de vagas leva a uma redução da qualidade de ensino, o que os estudos provam o contrário. Porém, é necessário inverter a lógica, quem sempre teve privilégio na história do Brasil foi a elite branca.

As cotas são importantes primeiro para debater com a sociedade o racismo no Brasil, segundo para minimizar a profunda desigualdade racial no Brasil e terceiro para garantir que a população negra, principalmente a juventude, se aproprie do conhecimento e seja sujeita da sua própria história.

Juninho- Circulo Palmarino

2.6.09

A ESTRADA

O medo nasce de sonhos adormecidos,
E quando os sonhos acordam
Dão medo.
Medo do que está por vir, ou do que um dia foi.
O dia,
Um dia nunca basta, sempre tem outro por vir.
O outro,
Outro que nem sempre lhe fará bem,
O bem,
Mas também quem nunca se sentiu mal com alguém.
Alguém que te fez ser o que não queria,
Ou dizer o que não queria.
E o que você quis,
E agora o que você me diz?
Quem liga pra isso.
O mal,
Talvez um estado de espírito,
Ou um descontrole interno.
Internamente, quem não mente pra si,
Talvez não minta pra mente alguma.
E quando está longe, numa viagem interna,
Um som qualquer pode te trazer de volta a cena
Em cena,
encenando sem ensaio durante a semana, aquela mesma cena.
repentina, corriqueira...
Insatisfeita, melancólica.
A cena que não dá dinheiro vivo a ninguém.
Cena triste, cena mal escrita, inaceitável,
Por quem é da família
Família,
Um encontro de amigos em gerações distintas e conflitantes.
Sempre tem um “não é mais como antigamente”
E antigamente não era mesmo assim.
O medo de não ser atual,
Atualmente atua em tua mente.
E os opostos seguem se distraindo e destruindo, traindo, caindo
Vindo.
E o dispostos segue atraindo, se contraindo, divertindo...
Se permitindo,
Indo...
Eu sigo.

Por: Crônica Mendes (inspirado pelo texto Solidão de autoria Sérgio Vaz)