8.6.09

COTAS JÁ!

Todos os anos são publicadas pesquisas que apontam para uma profunda desigualdade social e principalmente racial no Brasil. De toda população em situação de miséria 73% são negros.

Estudo recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao governo federal, identifica que a população branca está 32 anos a frente da população negra e concentra 74% da riqueza do país. Quando analisamos as universidades vemos uma baixa presença negra.

Tudo isso é resultado de um processo histórico marcado por 350 anos de escravidão. Por uma abolição que não garantiu minimamente o direito à cidadania para o povo negro e mesmo nos últimos 120 anos não houveram políticas do Estado Brasileiro que integrassem essa comunidade.

É nesse contexto que surge o debate das políticas de ações afirmativas que se apresenta como uma medida emergencial para a diminuição do abismo social entre negros e brancos. Uma dessas ações é a reserva de vagas nas universidades para afro-descendentes.

Desde 1999, está no congresso para ser votado, o Projeto de Lei 73/1999 que prevê cotas para alunos oriundos de escolas públicas e afro-descendentes nas universidades federais. O projeto ainda não foi votado pois, existe uma forte resistência da elite branca brasileira em democratizar os espaços de produção de conhecimento.

O grande argumento dos contrários às cotas é que todos devem passar pelo vestibular pelo mérito, pois todos têm o mesmo direito e que adoção de reserva de vagas leva a uma redução da qualidade de ensino, o que os estudos provam o contrário. Porém, é necessário inverter a lógica, quem sempre teve privilégio na história do Brasil foi a elite branca.

As cotas são importantes primeiro para debater com a sociedade o racismo no Brasil, segundo para minimizar a profunda desigualdade racial no Brasil e terceiro para garantir que a população negra, principalmente a juventude, se aproprie do conhecimento e seja sujeita da sua própria história.

Juninho- Circulo Palmarino

Um comentário:

  1. Será que o mérito de ter concluído o segundo grau dentro da já reconhecida precariedade da escola pública falida, o mérito de continuar a buscar conhecimento mesmo depois de sofrer todo esse preconceito camuflado e de inclusive acompanhar todo este impasse na hora de reparar erros históricos não é o suficiente? Utilizar este argumento para defender a contrariedade às questões das cotas é uma prova de o quanto eles confiam na ignorância deste País. Lutemos contra isto!!!!

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