22.5.09

TRATO

Vamos fazer um trato

Se minha ignorância de saber
Ofender qualquer um dos meus
Semelhantes.
Que me quebrem os dentes
E macerem com faca cega minha língua
E me deixem a míngua

Se eu machucar uma criança.
Que me seja apagado da memória
Qualquer traço de infância

Se eu magoar uma mulher,
Cometer qualquer desatino.
Que minha pele ganhe a textura de uma pedra
Pra nunca mais sentir a delícia de um corpo feminino.

Se eu ver um irmão caido,
Embriagado e vencido
E nem sequer rezar.
Que nunca mais liquido
Passe pela minha garganta
E que eu me sinta secar.

Se qualquer atitude pensamento ou decisão
For pautada pela cor da pele de qualquer irmão,
Que a minha seja arrancada.
Que eu a veja secar no curtume,
E que todos os dias pela manhã meu corpo sem pele seja salgado
Para que eu nunca me acostume

Poeta: Dill

Um comentário:

  1. Desconhecia o Sarau da Ademar, fiquei muito feliz em saber que as letras e a oralidade se espalham e plurificam perto da gente.
    Prossigam e parabéns, nosso povo precisa cada dia mais de pessoas como vocês =].
    Aproveito para convidá-los
    Dia: 11/Jul o Sarau do Povo (http://saraudopovo.blogspot.com)
    em Diadema completará 2 anos, e desde já estão convidadissímos. Grande abraço do Zé

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