14.4.09

Domingo periferia

A vida explode em sinfonia
Sons de todos os tons pulverizam o último sono,
Chama por um novo dia
Gatos fazem arruaça no telhado
Vizinho papagaio,
não acho o saco de carvão
Pela janela a luz do dia invade

Na rua profusão de movimentos
Sacolas de feira
Bíblias na mão
Chuteiras com barro
Um grito estridente ecoa
A criança caiu do telhado
Tirava o pipa enrolado
da antena de televisão
Nada grave,
joelho ralado
e as pedaladas da mãe
aumentavam a diversão

O caminho da padoca é curto
Estridente uma bicicleta freia,
quase manda a tia da empada longe
Da fila do pão ainda ouço seus xingamentos
cortados por um amigo de escola
embriagado no balcão
A cachaça que anima também descortinao
salário acaba e a esposa da calçada ralha

Convite ao um churrasco do amigo
do meio irmão do ex-cunhado
fartura, alegria e escárnio
ali, começar outra bebedeira
Deixo pra depois
com pressa vou à feira
Na barraca do caldo de cana
a ressaca se esvai
Do vinagrete turvo do pastel observo
Que mulher rica em depressão
vai na farmácia comprar prozac,
já mulher pobre,
bota um decote
e vai pra feira comprar tomate

Almoço é,
frango na TV de cachorro
farofa amarela e um tira gosto
Assim o domingo vai
Clássico no estádio
Sarau da Ademar
um dia a mais pra celebrar

Porque na minha quebrada
tem poesia
tem verso alegre, triste
de protesto, de amor
tem rap e rock and roll
Samba, MPB e tem até ator
Mas o que mais tem é gente
que pensa junto,
pra fazer um mundo diferente.

Cláudio Dongo

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