4.10.08

2º Sarau da Ademar

Texto do mano Dongo...


2º Sarau da Ademar: poesia e cultura aos pés da caixa d’Água.

O bem da verdade é, quem mora na região da Cidade Ademar sempre esteve aos pés da Caixa d’Água, porque todos os caminhos levam a ela e não são poucas as janelas que se voltam diuturnamente a este monólito azul de sei lá quantos metros (talvez uns 20), impondo-se ao céu na exuberância de seu quase status de ponto turístico ou cartão postal de nossa quebrada. É certo que a Caixa d’Água por vezes se manifesta na comunidade como um epicentro de tudo que há de bom ou ruim, seja porque abriga pessoas e sonhos, seja porque a vida de muitos passaram e ainda passam nos caminhos incertos da droga. É Essa duplicidade contraditória que a faz tornar-se pura poesia (concreta!?), tal como uma esfinge que impõe a todos o seu enigma e espalha seus tentáculos pelas casas fornecendo a água, que como um amigo diz: é indolor.

Também foi ao pé da Caixa d’Água que poetizas e poetas reuniram-se para a realização do 2° Sarau da Ademar. Sob uma imagem de 3,5 metros de altura, inserida dentro do Bar Nakasa (espaço sede do sarau) muitos passaram para falar e ouvir poesia dos mais diversos estilos e temas na boca de gente bonita da nossa “quebra”. Amor, paz, alegria, racismo, utopia, amizade, tristeza, raiva e esperança foram alguns dos temperos que engrossaram o caldo cultural desta tarde domingueira de outubro. Sob o lema “palavra, poder para o povo”, esta segunda edição do Sarau da Ademar consolida o espaço da poesia, da arte e da criação, não só como opção de lazer, mas também o da reflexão, da crítica e, sobretudo do pensar a sociedade, sem que seja imposto pela égide mesquinha dos meios de comunicação privados. Neste dia celebramos a liberdade, da razão, da emoção, da expressão, rompendo com o padrão que nos é dado e o direito de ficar calado em frente a uma tela de TV qualquer.

Também foi imediato o que se experimentou e até difícil de explicar a sensação de vitória e orgulho que ainda ecoa por estes dias posteriores. Não era pra ser diferente que o espírito de missão cumprida ficou apagado pelo sentimento unânime de quero mais e mais e muito mais. Ainda nos minutos após o encerramento do sarau e ao som cortante vindos dos instrumentos dos parceiros que honraram a tradição de boa música e atitude, detonaram pra valer a idéia de que domingo é dia de sofá e controle remoto. Pelo contrário, é dia de negar a pobreza de espírito e vir pra rua sambar, ou melhor dizendo pro sarau versar.

Não há um só dia que não pense nas palavras sábias do educador Paulo Freire: “O mundo não é, o mundo está sendo”. Mas são nesses dias mágicos onde as pessoas estão unidas em torno de algo comum que tenho a certeza de que podemos e devemos mudá-lo.

Parabéns a todos!!

Salve a arte e a cultura na periférica!!

Cláudio Dongo
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Participantes do 2° Sarau da Ademar - 19/10/2008 (em ordem alfabética)

Ane
Bety
Camila
Charlão
Daniel
Drix
Dona Lúcia
Dongo
Edilene
Fumaça
Gaby
Gordo
Homero
Juma
Lids
Ligia
Lu
Mavot
Paulinho
Renata Neguinha
Seu Mundico
Silvana
Tia Elza
Timba
Yolanda









1º Sarau da Ademar

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