Em cada palavra desse instante
Uma voz grita alto
quer ser importante
Quer olhar para o mundo e dizer, venci
Quer encarar os seus e dizer, consegui
E ao final do ato,
olhar para o império conquistado
sem pudor dizer:
se ofendi, explorei ou subtraí
não sou culpado
Porque sempre joguei com as regras
Desse mundo que me foi herdado
Assim, aqui se faz,
Assim, aqui se morre
Sem culpa
Ou a culpa está na sorte?
Acontece que não é sorte
Se essa herança é maldita
ignoro e sigo a vida
Até que num repente
Sou afetado
Passo a vítima da minha própria anemia
de alienação, trabalho e morte
No mercado de almas
sou pago para abanar o rabo
Grato por ser escravizado
normalizado,
assalariado,
manipulado
Cinco dias confinado
um pra concertar o telhado
no outro, ficar embriagado
Nesse mundo herdado,
me torno homem
me torno macho
E já que tenho um dono
também quero ser dono
de uma infeliz ao meu lado
Minha insegurança fere
sangra, machuca
Uso da força bruta
Assim aprendi com os genes do meu passado
Nesse mundo herdado
Não sou livre,
sou pago,
domesticado
Por isso quero uma mulher assim
onde eu compre a sua labuta
comida na mesa,
casa limpa, criança trocada
Uma mulher que não estude
Que não me supere
Que me espere
Que não reclame
Que eu silencie
Que não sonhe acordada
Que durma serena
Depois de uma noite mal saciada
Mas as regras do tempo
não são as que eu conheço
Em outro instante adormeço
Acordo só
coberto de pó
de um tempo desperdiçado
E na solidão percebo
que a minha tradição
meu egoísmo
agora é o meu desconsolo
meu castigo
Me vejo frente a um novo começo
Amar uma mulher
Sem que eu seja carrasco do desejo
Pleno de paixão e liberdade
Sem mordaças, nem vaidade
Lado a lado
como uma unidade
Pra romper com essa herança
de um mundo sem esperança
E viver essa tal igualdade
Cláudio Dongo
8 de março de 2009
Uma voz grita alto
quer ser importante
Quer olhar para o mundo e dizer, venci
Quer encarar os seus e dizer, consegui
E ao final do ato,
olhar para o império conquistado
sem pudor dizer:
se ofendi, explorei ou subtraí
não sou culpado
Porque sempre joguei com as regras
Desse mundo que me foi herdado
Assim, aqui se faz,
Assim, aqui se morre
Sem culpa
Ou a culpa está na sorte?
Acontece que não é sorte
Se essa herança é maldita
ignoro e sigo a vida
Até que num repente
Sou afetado
Passo a vítima da minha própria anemia
de alienação, trabalho e morte
No mercado de almas
sou pago para abanar o rabo
Grato por ser escravizado
normalizado,
assalariado,
manipulado
Cinco dias confinado
um pra concertar o telhado
no outro, ficar embriagado
Nesse mundo herdado,
me torno homem
me torno macho
E já que tenho um dono
também quero ser dono
de uma infeliz ao meu lado
Minha insegurança fere
sangra, machuca
Uso da força bruta
Assim aprendi com os genes do meu passado
Nesse mundo herdado
Não sou livre,
sou pago,
domesticado
Por isso quero uma mulher assim
onde eu compre a sua labuta
comida na mesa,
casa limpa, criança trocada
Uma mulher que não estude
Que não me supere
Que me espere
Que não reclame
Que eu silencie
Que não sonhe acordada
Que durma serena
Depois de uma noite mal saciada
Mas as regras do tempo
não são as que eu conheço
Em outro instante adormeço
Acordo só
coberto de pó
de um tempo desperdiçado
E na solidão percebo
que a minha tradição
meu egoísmo
agora é o meu desconsolo
meu castigo
Me vejo frente a um novo começo
Amar uma mulher
Sem que eu seja carrasco do desejo
Pleno de paixão e liberdade
Sem mordaças, nem vaidade
Lado a lado
como uma unidade
Pra romper com essa herança
de um mundo sem esperança
E viver essa tal igualdade
Cláudio Dongo
8 de março de 2009
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